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Por sermos um país com fama de receptivo, hospitaleiro e com um histórico de imigração muito marcante, muitas pessoas têm a impressão de que casos de racismo não acontecem por aqui. Afirmam, inclusive, que não há esse tipo de ocorrência no Brasil. Mas será que isso é verdade?
Infelizmente, os números mostram algo muito diferente: de acordo com pesquisas, 84% dos brasileiros notam algum racismo no dia a dia, ainda que apenas 4% digam que têm preconceito em relação a outras pessoas. E isso é só o começo.
Continue a leitura, confira mais informações sobre o assunto e descubra os motivos que fazem da educação antirracista uma emergência em território brasileiro. Esse é um tema que deve ser discutido em todas as esferas da sociedade. Então, por que não começar agora mesmo?
Qual o conceito de racismo?
É uma forma de discriminação que leva em conta a etnia como fundamento de práticas que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo ao qual pertençam. Pode ser relacionado a cor ou qualquer característica física de uma pessoa.
Em outras palavras, o racismo é uma forma de preconceito contra grupos minoritários, que traz consequências como:
- menos oportunidades no mercado de trabalho;
- menor expectativa de vida;
- mais pobreza e desigualdade social;
- acesso reduzido à educação;
- mais violência ao longo da vida, entre outros.
Assim, as vítimas de racismo não têm os mesmos privilégios do que os outros grupos da sociedade. No caso, as pessoas brancas (caucasianas), por exemplo, tendem a estar em vantagem quando o assunto envolve a obtenção de mais oportunidades ao longo da vidas.
Quais são os números do racismo no Brasil?
Entender um problema com base na definição dele pode ser algo um tanto difícil. Afinal, parece um pouco abstrato, não é mesmo?
Então, nada melhor do que conferir alguns exemplos estatísticos de como esse problema afeta o dia a dia da população:
- em 10 anos, o assassinato de pessoas negras cresceu mais de 11% no Brasil;
- pessoas negras têm mais do que o dobro de chances de serem assassinadas;
- a igualdade salarial entre pessoas brancas e pretas só será alcançada em 2089, caso continue nos patamares de hoje;
- mulheres negras são as maiores vítimas de feminicídio;
- elas também são as maiores vítimas de violência obstétrica;
- pessoas negras têm menos acesso à saúde de qualidade;
- 71% dos negros abandonam a escola no Brasil;
- taxa de analfabetismo é maior entre a população preta;
- negros têm menores oportunidades no mercado de trabalho;
- são, também, maioria no sistema prisional.
Esses são apenas alguns dos recortes que nos mostram como o racismo estrutural é parte do cotidiano brasileiro. E isso, claro, tem forte influência do período da escravidão em nosso país.
O que é a educação antirracista?
Essas estatísticas só podem ser mudadas a partir não só da implementação de leis mais duras contra o racismo, mas também, com o engajamento da população no assunto.
E como conseguir esse envolvimento? Por meio da educação, é claro! Transformações educacionais fazem verdadeiras maravilhas em toda a sociedade, com o desenvolvimento de gerações mais conscientes e menos preconceituosas. Assim, podemos caminhar rumo à construção de uma sociedade mais justa para todos.
A educação antirracista acontece a partir da implementação de estratégias que melhorem a compreensão dos estudantes sobre temas relacionados ao racismo, em vez de escondê-los ou minimizar efeitos desse problema na sociedade. Acontece, também, por meio da valorização e exaltação da cultura negra e de outras tradições, permitindo que possamos conhecer mais sobre as nossas raízes e respeitar as diferenças.
Como a educação pode contribuir para a construção do antirracismo?
Confira, agora, algumas das vantagens da implementação da educação antirracista nas escolas e faculdades.
Ampliação do debate sobre as questões raciais
Com uma educação focada em pautas sociais, fica muito mais fácil trazer essas discussões para a sala de aula. Quando falamos sobre algo, aprendemos e nos desenvolvemos!
Mapeamento e atuação das atitudes e comportamentos racistas
A partir das discussões, é possível compreender os problemas da sociedade, ainda que aos poucos. Esse é um dos caminhos para que possamos combater as desigualdades e evoluir.
Disseminação de um discurso de igualdade
O racismo da nossa sociedade é estrutural, ou seja, está incrustado no nosso dia a dia. Para combater essa realidade, precisamos mudar o discurso e falar sobre o lado positivo da pretitude, dos valores das pessoas negras, além de promover a igualdade a partir de atitudes.
Promoção da reparação história
O racismo não surgiu do dia para a noite. Pelo contrário! Ele é reflexo de anos de escravidão e segregação, não só no Brasil, como em outras partes do mundo. É hora de mudarmos isso por meio da reparação histórica, devolvendo às pessoas negras tudo o que foi roubado delas ao longo de séculos de preconceito.
Como ingressar na educação antirracista?
Não há uma regra única para o ingresso na educação antirracista, mas a recomendação básica é: pesquisar o histórico da instituição em que você deseja iniciar os estudos. Prestar atenção nos valores é o primeiro passo para se sentir bem naquele lugar e aprender algo que vai muito além das disciplinas presentes na grade curricular.
Isso vale tanto para a faculdade quanto para a escola. Então, tenha a informação em mente quando for matricular as crianças e adolescentes da sua família em algum lugar, por exemplo. E também quando for ingressar em um curso.
É importante que a instituição ofereça debates e informações sobre igualdade de gênero, diversidade étnico-racial, direitos LGBT+ e muito mais. Amplie sua mente. Vivemos em um mundo lindo, diverso, com muitas nuances. Nada de se prender em uma caixinha e deixar que as paredes impeçam de ver todos esses detalhes!
Ao fazer uma graduação ou pós, procure uma faculdade que respeita e valoriza todas as diferenças em nossa sociedade. Tenha a certeza de que respeito e inclusão serão alguns dos pilares da sua formação.
Como podemos ver, a educação antirracista é revolucionária! Ela pode modificar a realidade de milhões de pessoas não só no Brasil, mas também, no mundo. Então, faça as escolhas certas e priorize instituições que têm o combate ao racismo como um pilar.
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